Estudo aponta relação entre obesidade e doenças periodontais

Saúde bucal e obesidade: qual a relação e riscos? Entender a relação e os riscos que existem entre a obesidade...

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Saúde bucal e obesidade: qual a relação e riscos?

Entender a relação e os riscos que existem entre a obesidade e saúde bucal é um entre os tantos desafios no dia a dia dos profissionais de odontologia.

Sabemos que o alto consumo de alimentos ricos em açúcares e gorduras pode afetar o organismo de forma generalizada, causando o sobrepeso e a obesidade. Contudo, estudos recentes mostram que esse é também um fator de risco para a saúde de nossos dentes também.

Confira o artigo a seguir para entender qual a relação entre a obesidade e saúde bucal e de que forma você pode agir para reduzir os riscos.

Afinal, existe relação entre obesidade e saúde bucal?

A relação que existe entre obesidade e saúde bucal, além do impacto de nossos hábitos alimentares sobre isso, é uma dúvida bastante levantada pelos profissionais da área de odontologia.

Para ajudar a esclarecer essas dúvidas e traçar objetivos para a prevenção, muitas pesquisas na área foram e continuam sendo feitas.

Um exemplo é um estudo realizado por pesquisadores da Índia, de 2017, feito com um grupo de 100 pessoas. Elas foram divididas em dois grupos de 50 pessoas, classificados na pesquisa como obesas (IMC>30) e não obesas.

Essa pesquisa, publicada no Journal of Indian Society Periodontology e divulgada pela National Center for Biotechnology Information (NCBI), mostrou que há sim uma relação.

Após uma série de análises, o estudo concluiu que nos participantes com obesidade há uma maior prevalência de casos de periodontite, assim como um risco maior de desenvolver a condição.

Essa é uma das principais observações no estudo que apontam uma relação de risco entre obesidade e saúde bucal. Contudo, como diz no artigo, é importante mais pesquisas para entender os danos a longo prazo.

Por que a ingestão de açúcares faz mal para a saúde bucal?

O padrão alimentar dos participantes do estudo, especialmente das pessoas mais jovens, indicou um consumo muito alto de alimentos ricos em gordura e açúcares, como é o caso de fast foods e refrigerantes.

Além do teor alto de açúcar e gordura, esses alimentos são também insuficientes em micronutrientes essenciais para uma vida saudável. O impacto na saúde bucal se dá, portanto, pelo fator de risco presente nesse estilo de vida, que acaba aumentando as chances de doenças periodontais por conta do impacto dos alimentos no sistema imunológico.

De acordo com a pesquisa, o ganho excessivo de peso associado a níveis de estresse, principalmente no início da vida, também aumentam os riscos de periodontite. Nessa relação, o excesso de tecido adiposo (gordura) é um fator de risco para inflamações crônicas.

Nos pacientes com IMC acima de 30, considerados obesos no estudo, foi observado que cerca de 50 moléculas de adipocinas eram secretadas por cada célula adiposa.

Esse aumento da presença de citocinas pró-inflamatória tornam a pessoa mais suscetível a sofrer também com doenças bucais. Isso porque a presença de citocinas estão também diretamente relacionadas com um risco maior de infecções bacterianas.

Além de fatores biológicos, o consumo de alimentos ricos em açúcares e gorduras em grande quantidade dentro de uma rotina sedentária aumentam as chances de uma pessoa desenvolver um quadro de obesidade. Por isso, é um fator de risco para várias doenças.

Consequentemente, a relação de risco entre obesidade e saúde bucal está no fato da condição fragilizar o sistema imunológico e favorecer o surgimento de substâncias inflamatórias liberadas pelas próprias células de gorduras.

Como se prevenir e evitar complicações?

A obesidade é um fator de risco para surgimento de doenças bucais, sendo a periodontite a mais observado em estudos. Essa inflamação é condição que pode comprometer todos os tecidos próximos que sustentam os dentes.

Quando não tratada, a condição pode causar complicações sérias, como retração da gengiva, reabsorção óssea e amolecimento dos dentes. Em casos graves, os pacientes podem  chegar a perder os dentes.

Tudo isso pode ser prevenido, especialmente ao ter foco em uma das causas: a obesidade. Além de favorecer outras condições de saúde, como diabetes e doenças cardiovasculares, o excesso de peso também afeta a saúde bucal.

Casos de periodontite não tratados podem se espalhar para outras regiões do corpo e assim provocar uma doença sistêmica com uma inflamação ainda grave.

De acordo com os odontologistas, uma das formas mais eficientes de combater essas doenças é agindo na prevalência de bactérias orais e na obesidade. Em ambos os casos, é necessário promover uma mudança no estilo de vida. Hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e boa higienização bucal, devem fazer parte da rotina.

No combate à obesidade, os profissionais reforçam a importância de esclarecer os riscos de uma alta ingestão de alimentos ricos em açúcares simples e alimentos que fermentam facilmente, como os carboidratos refinados e doces.

É importante que esse alerta comece desde cedo, com as crianças e adolescentes. Além de ser uma tentativa de frear os altos índices de obesidade na vida adulta, essa medida preventiva também deve buscar reduzir os problemas de saúde bucal na infância.

Nessa fase, as crianças e adolescentes também enfrentam problemas dentários pela má higienização bucal e pelo consumo de alimentos ricos em açúcar e gordura.

Além disso, ter um acompanhamento com um dentista deve fazer parte da rotina das pessoas desde cedo.

Obesidade no Brasil: um alerta para os números

Ainda que o número de pessoas com obesidade no Brasil se mostrem mais estáveis, o cenário continua preocupante e não há muito o que comemorar. O mesmo é observado no caso de pessoas com excesso de peso, no qual os casos dispararam nos últimos anos.

Isso é o que mostra a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2018, divulgada pelo Ministério da Saúde.

Segundo o estudo, o índice de obesidade em adultos teve um aumento de 67,8% nos últimos 13 anos, saltando de 11,8% para 19,8%. Somente de 2015 para cá que as taxas se mantiveram estáveis, com 18,9% de prevalência.

Esse mesmo estudo feito pela VIgitel revelou que o número de pessoas com excesso de peso também cresceu consideravelmente. Atualmente, 55,7% das pessoas, mais da metade da população brasileira, está acima do peso.

Atrelado a esses números estão os crescentes casos de comorbidades, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, síndromes metabólicas e, como vimos até aqui, para os casos de problemas de saúde bucal.

 

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